Comissão da Verdade: documentos revelam elos entre o Metrô e a repressão

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou nesta segunda-feira mais uma audiência pública da Comissão da Verdade Rubens Paiva. O tema foi o envolvimento de empresários do Metrô com a estrutura de vigilância e tortura do regime militar. Intitulada “Metroviários: uma categoria de luta vigiada e reprimida” e presidida pelo deputado federal Adriano Diogo, o evento contou com a participação de metroviários, ex-metroviários, sindicalistas e integrantes do Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação.

O metroviário e secretário geral da CTB, Wagner Gomes (foto), compareceu à audiência para prestar depoimento sobre a sua detenção, isolamento e agressão física sofrida em 1982 em ato durante a inauguração do Terminal Rodoviário Tietê. Na ocasião, dezenas de trabalhadores que protestavam contra Paulo Maluf, então governador biônico de São Paulo, foram presos e encaminhados ao DOPS. Gomes foi agredido e depois isolado em uma sala até a noite sob o pretexto de que seria ouvido pelo delegado geral Romeu Tuma. Foi liberado pouco depois. É preciso investigar e continuar esclarecendo tudo o que se passou nos anos em que vivemos sob o regime militar. Só assim podemos informar com clareza e ajudar a educar as gerações mais jovens e impedir que os mesmos erros voltem a ocorrer”, disse Gomes.

Segundo os organizadores deste grupo de trabalho da Comissão da Verdade, este episódio é mais um de uma sucessão de fatos que revelam a íntima ligação entre a sistema de segurança do metrô com a estrutura de segurança pública a serviço da repressão política. Diversos documentos que comprovam a vigilância intensa exercida pelos órgãos oficiais sobre as atividades de sindicalistas e funcionários do metrô foram exibidos e anexados ao processo que pretende rever e esclarecer a colaboração direta entre metrô e repressão do estado e identificar nominalmente os participantes e seu exato papel nesta engrenagem colaboracionista,