Filho de Marighella diz que Comissão da Verdade trará justiça

Por Elisa Jacques.

O rumo da Comissão da Verdade foi um dos assuntos que nortearam a mostra “Cinema pela Verdade”, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), na noite desta quita-feira (8), que reuniu filmes e debates com a presença de filhos dos ex-guerrilheiros brasileiros Carlos Marighella, Gregório Bezerra e Francisco Julião.

Para o filho de Carlos Marighella, Carlos Augusto Marighella, a Comissão da Verdade já começa com limitações. “Fizemos uma anistia de araque, viciada pela ideia de que a gente deveria, de alguma maneira, perdoar os torturadores”. Para ele, a ferida precisa ser lavada para cicatrizar. “É uma anistia concebida sob um manto de silêncio. Queriam acabar o assunto naquela época, conceder anistia, se auto-anistiar e não era pra se falar mais nisso”, declara.

Carlos também explica que mesmo que a Comissão da Verdade trabalhe com a limitação de não punir os envolvidos vai condenar moralmente os responsáveis pelo golpe e identificar e condenar os civis que se beneficiaram dele. “Vai trazer justiça. Enquanto nós não revolvermos o passado e condenar as pessoas que violaram a regra de convivência democrática e cometeram torturas e mortes, esse assunto vai voltar, porque a maioria nunca vai aceitar uma reconciliação com base nesse silêncio”, completa.

Durante os debates, a força política das redes sociais foi lembrada pelos convidados. “Não existe partido ou movimento social sem jornal. Tem que ter para expor as ideias. Hoje são as redes sociais que são armas poderosíssimas para combater os meios de comunicação corruptos, porque é um meio incensurável”, afirma Anacleto Julião, filho de Francisco Julião, um dos fundadores das Ligas Camponesas. Sobre a Comissão da Verdade, Anacleto, que faz parte do Comitê pela Memória e Verdade do estado de Pernambuco afirmou: “Vamos atrás de quem matou, torturou. Esses canalhas que cometeram crimes contra a humanidade vão pagar”.

Já Jurandir Bezerra, filho do ex-guerrilheiro Gregório Bezerra, disse que a época da ditadura era “terrível” e ir atrás de quem cometeu crimes para a humanidade “é essencial para esclarecer um momento assombroso da história do país que precisa ser revisto com cautela”, alerta.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/08/08/interna_politica,455106/filho-de-marighella-diz-que-comissao-da-verdade-trara-justica.shtml