Com a mudança, a escola poderá se chamar Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella, com o objetivo de lembrar a luta do guerrilheiro baiano que foi perseguido e morto pelo regime militar. A alteração depende, agora, da apreciação da Secretaria Estadual de Educação, que já recebeu o resultado da eleição.
Entre os candidatos, que foram escolhidas após um estudo feito pela professora de Sociologia, estava também o nome do geógrafo e professor Milton Santos, que, assim com Marighella, também foi perseguido pela ditadura. Foram 128 votos para Milton, 406 de Marighella, 27 brancos e 25 nulos.
Sobre a possibilidade de a secretaria não acatar o desejo de alteração do nome, o pai acredita que ela é mínima, dada ao caráter “transparente e democrático que teve a eleição e por toda repercussão e apoio que a campanha teve”.
O filho de Carlos Marighella, que tem o mesmo nome do pai, parabenizou a iniciativa e afirmou que a família ficou extremamente grata e reconfortada com a homenagem. Ele criticou a ação governamental que, passados os 50 anos do golpe militar de 1964, ainda mantém em instituições públicas menções aos militares.
“O que aconteceu neste colégio mostra a tentativa das pessoas de fazerem justiça com as próprias mãos. Esses nomes já deviam ter sido mudados há muito tempo, mas não há uma iniciativa do governo. Depois de tanta luta, é inaceitável que esses símbolos que referendam as ações odiosas daqueles torturadores ainda permaneçam”, defende Marighella Filho.
AI-5
A decisão aconteceu na semana de aniversário do Ato Institucional nº 5, mais conhecido como AI-5, que, em 13 de dezembro de 1968, tornou ainda mais rígida e autoritária a ação militar no país, suspendendo diversas garantias constitucionais. O decreto fechou o Congresso Nacional e deu plenos direitos ao presidente da República, que podia, entre outras coisas, cassar os direitos políticos dos cidadãos.
De Salvador,
Erikson Walla.